Os onze censurados - um lado pouco divertido dos desenhos animados





No início de sua produção de desenhos animados, a Warner fez alguns curtas que hoje são considerados politicamente incorretos.
Onze desses desenhos foram censurados, ou melhor, simplesmente retirados de circulação em 1968. Assim, desde então deixaram de ser exibidos na televisão. Eles pertencem a duas populares séries de curtas, Merrie Melodies e Looney Tunes, que reúnem personagens famosos como Pernalonga, Patolino e Gaguinho. Um deles, inclusive, é estrelado pelo próprio Pernalonga.




Os motivos pelos quais foram banidos são principalmente a presença de estereótipos racistas em histórias com personagens afro-americanos. A abordagem é feita de tal maneira que, para os padrões contemporâneos, passou a ser considerado ofensivo. E a censura ocorreu justamente em um período em que os Estados Unidos passavam por uma luta pelos direitos raciais.

A lista de curtas:


  • Hittin' the Trail for Hallelujah Land (Rudolf Ising, 1931)

  • Sunday Go to Meetin' Time (Friz Frelen, 1936)

  • Clean Pastures (Friz Freleng, 1937)

  • Uncle Tom's Bungalow (Tex Avery, 1937)

  • Jungle Jitters (Friz Freleng, 1938)

  • The Isle of Pingo Pongo (Tex Avery, 1938)

  • All This and Rabbit Stew (Tex Avery, 1941)

  • Coal Black and de Sebben Dwarfs (Bob Clampett, 1943)

  • Tin Pan Alley Cats (Bob Clampett, 1943)

  • Angel Puss (Chuck Jones, 1944)

  • Goldilocks and the Jivin' Bears (Friz Freleng, 1944)


  • Todos foram produzidos dentro da série Merry Melodies, com exceção de Angel Puss, do Looney Tunes.

    Vários desses curtas foram dirigidos por nomes famosos da animação, como Friz Freleng, mais tarde fundador do estúdio DePatie-Freleng, Tex Avery e Chuck Jones. Alguns também são citados entre os melhores da história, principalmente pela inspiração no jazz. Mas, mesmo assim, foram mantidos longe dos olhos do público. Pelo menos foi isso o que tentaram. Muitos já perderam os direitos autorais e podem ser encontrados na internet.


    Recentemente os "onze censurados" voltaram a ser notícia nos Estados Unidos com o boato de que a Warner estaria preparando o lançamento deles em dvd. Apesar dos muitos comentários, a distribuidora afirmou oficialmente que não há planos definidos de lançá-los no formato, mas também não foi descartada essa possibilidade.

    No início de 2010, oito dos curtas foram exibidos em uma sessão especial nos Estados Unidos em versões restauradas. Segundo um historiador de animações, essa teria sido uma forma de a Warner testar a possibilidade de lançar esses polêmicos desenhos em dvd.

    Nos últimos tempos, a Warner tem lançado várias produções de catálogo em dvd. Entre elas, filmes clássicos menos conhecidos, telefilmes e até episódios-pilotos de séries de tv não produzidas. Genesis II, um piloto de 1973 produzido por Gene Roddenberry, criador de Jornada nas Estrelas, foi um dos títulos lançados.

    Outros curtas que também possuem elementos racistas chegaram a ser lançados em dvd ou pelo menos reprisados na televisão, incluindo várias produções da época da Segunda Guerra Mundial. Mas os onze permanecem censurados.

    Ainda que o conteúdo seja de fato ofensivo, a disponibilização desses onze curtas ao público é uma maneira de mostrar às novas gerações as diferenças do passado, principalmente como uma maneira de evitar que esses erros voltem a ser cometidos. Não podem, então, ser simplesmente esquecidos ou ignorados.

    De qualquer forma, os "onze censurados" são o registro de uma mentalidade, de uma época.