Cine Cult: Marcelino Pao e Vinho - a inocencia perdida do cinema

Um filme singelo e emocionante. Somente assim é possível descrever esta produção de 1955, uma das mais conhecidas do cinema espanhol, que conquistou platéias do mundo inteiro.
Para escrever “Marcelino Pão e Vinho” (Marcelino, pan y vino), o diretor Ladislao Vajda baseou-se em uma estória do escritor José Maria Sánchez Silva sobre um menino abandonado recém-nascido na porta de um convento de freis franciscanos. Os 12 religiosos o batizam e acabam ficando responsáveis por sua criação. Aos cinco anos de idade, Marcelino (Pablito Calvo), descobre uma imagem de Jesus Cristo crucificado. Solitário, o menino passa a levar diariamente pão e vinho para Cristo, com quem conversa. Certo dia, ao confessar o desejo de conhecer sua mãe, inocentemente testemunha um milagre, que fica marcado para sempre na história do pequeno vilarejo.

O enredo do filme, como se pode perceber, é claramente religioso. Mas vai muito além disso. Na verdade é um conto de inocência, de uma graciosidade que o cinema perdeu há muito tempo. Justamente por isso, na época de seu lançamento, fez um sucesso que nenhuma outra produção da Espanha conseguiu repetir. Até mesmo nos Estados Unidos, cujo grande público possui certa resistência com longas-metragens estrangeiros.
Esse sucesso se estende até os dias de hoje, possuindo ainda muitos fãs. Mas infelizmente restringe-se às pessoas mais velhas. As novas gerações não conhecem “Marcelino Pão e Vinho”. Não pela falta de oportunidade, mas pelo desinteresse generalizado nos grandes clássicos.
O filme também foi reconhecido pela crítica. Recebeu, entre outros prêmios, o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim, e menção honrosa para Pablito Calvo no Festival de Cannes.
A verdade é que “Marcelino Pão e Vinho” não precisa provar que é um grande filme. Já o é de natureza. Merece apenas ser visto. Seja pela primeira ou pela centésima vez.