Cine Cult: O Vale de Gwangi - o subestimado faroeste fantasia


Nos idos de 1969, o western, ou faroeste como é mais conhecido no Brasil, começava a perder força. A posição de gênero mais popular do cinema e da TV estava sendo tomada por outros, acompanhando a mudança que ocorria em toda a sociedade mundial. Apesar disso, estúdios e produtores se interessavam em arriscar em novos tipos dentro do próprio western. Foi a partir disso que foram produzidos alguns títulos inesquecíveis, como “Butch Cassidy”, “Sabata”, “Bravura Indômita” e “Meu Ódio Será Tua Herança”.
Nesse contexto estreou um filme bem diferente. Tratava-se de “O Vale de Gwangi” (The Valley of Gwangi, 1969), e o que o distinguia dos demais era a bizarra mistura do Velho Oeste com dinossauros. A pergunta que se segue é, mas como?

O roteiro de William Bast até que não é tão complicado. T. J. (Gina Golan) possui um show de rodeio itinerante. Seu antigo parceiro, Tuck Kirby (James Franciscus), retorna interessado em comprar o espetáculo. Mas ela possui uma nova atração, que acredita que será um enorme sucesso. Era um minúsculo cavalo, que o professor Horace Bromley (Laurence Naismith) acredita ser um animal pré-histórico. Os ciganos, crentes em uma maldição, levam o cavalo de volta para o Vale Proibido. Para capturá-lo novamente, vão todos para o lugar, onde descobrem diferentes e ferozes dinossauros. Por fim, capturam um Allossauro, conhecido como Gwangi, e o levam para o show. Tudo acaba com o animal escapando, causando pânico e destruição na cidade até ser morto pelo incêndio na igreja.
Pode-se dizer que é um filme no bom estilo western, apesar de claramente não ser tradicional. Todos os elementos estão ali, ação, homens armados e a cavalo, uma bela mulher e o calor do deserto.
Para completar, a produção e os efeitos especiais foram feitos por Ray Harryhausen, o mestre do stop motion. Curiosamente é um de seus melhores trabalhos. Foram simplesmente os mais impressionantes dinossauros do cinema até “O Parque dos Dinossauros”, de Steven Spielberg.
Ainda assim, “O Vale de Gwangi” foi subestimado. Com uma bilheteria pequena, ganhou apenas algumas reprises na TV e acabou sendo passado para o presente como uma produção B. Não é. E felizmente conseguiu provar isso. Pelo menos nos Estados Unidos, onde já passou a categoria de Cult.
“O Vale de Gwangi” é um filme que vale a pena ser visto. Não é o melhor de todos os tempos. Mas é bom conferir os ótimos efeitos de Harryhausen e saber que existiu uma época em que o cinema era verdadeiramente inventivo.