Peter Sellers: 30 anos sem um mestre da comedia

Um dos maiores comediantes da história do cinema, Peter Sellers (1925-1980), morria a 30 anos.

Uma homenagem a um gênio que merece sempre ser relembrado.



No dia 24 de julho completaram-se 30 anos da morte de um dos maiores gênios da comédia: Peter Sellers.

Nascido na Inglaterra, fazia parte de uma família de artista e logo desenvolveu as habilidades do ramo. Serviu a Força Aérea Real durante a Segunda Guerra Mundial e, após o fim do conflito, voltou a atuar no teatro de variedades. Mas pouco depois começou a trabalhar no rádio, em vários programas de comédia. O mais famoso foi no The Goon Show, que foi ao ar durante quase dez anos.

Depois de algumas pontas em diversos filmes, Sellers alcançou o sucesso na telona com Quinteto da Morte (The Ladykillers, 1955), em que interpretou um dos ladrões do bando liderado por Alec Guiness que planejava um assalto e usava a casa de uma velhinha como esconderijo. Este é até hoje um dos maiores clássicos do cinema inglês e o consolidou como um de seus grandes nomes. Três anos mais tarde se superou interpretando três papéis na divertida comédia O Rato que Ruge (The Mouse That Roared).

Em 1962, trabalhou com o grande diretor Stanley Kubrick no polêmico Lolita e acabou indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante. Sua carreira cinematográfica chegava ao auge e um sucesso vinha atrás de outro.
Seu personagem mais lembrado veio no ano seguinte, o Inspetor Clouseau em A Pantera Cor-de-Rosa (The Pink Panther, 1963). Na verdade o papel de Sellers era para ser coadjuvante, com David Niven como o principal. Mas uma interpretação inesquecível conquistou o público e rendeu uma bem sucedida série em parceria com o diretor Blake Edwards: Um Tiro no Escuro (A Shot in the Dark, 1964), O Retorno da Pantera Cor-de-Rosa (The Return of the Pink Panther, 1975), A Nova Transa da Pantera Cor-de-Rosa (The Pink Panther Strikes Again, 1976) e A Vingança da Pantera Cor-de-Rosa (The Revench of the Pink Panther, 1978). Isso sem contar o póstumo A Trilha da Pantera Cor-de-Rosa (The Trail of the Pink Panther, 1982), realizado com cenas não utilizadas das produções anteriores.

Em 1964, voltou a trabalhar com Stanley Kubrick na comédia de humor negro Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar a Bomba (Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb). Novamente interpretou brilhantemente três personagens, rendendo-lhe indicações de Melhor Ator para o Oscar e para o BAFTA.

Mas sua atuação cômica mais hilária talvez seja em Um Convidado Bem Trapalhão (The Party, 1968). Até hoje consegue arrancar risadas como o ator indiano convidado por engano para a festa de um magnata de Hollywood que se mete nas mais inusitadas confusões. Entretanto, vale a pena citar também os excelentes Casino Royale (Casino Royale, 1967) e O Que É Que Há, Gatinha? (What's New Pussycat, 1965).

Em 1979, estrelou a dramédia Muito Além do Jardim (Being There), de Hal Ashby. Considerado o seu papel mais profundo, interpreta Chance, um homem de meia idade, criado por um senhor mais velho, que nada sabe, a não ser cuidar do jardim e assitir televisão. Depois que seu benfeitor morre, é obrigado a deixar a casa e descobrir pela primeira vez o mundo exterior. Andando sem destino pelas ruas de Washington, envolve-se em um acidente com a mulher de um importante e doente milionário. Levado para a sua mansão, sem nada entender, torna-se amigo do dono da casa e faz com que a esposa se apaixone por ele. Novamente foi indicado ao Oscar e ao BAFTA, ganhando o Globo de Ouro.

Dizem que um dos motivos que contribuíram para o infarto que o levou a morte foi não ter ganho o Oscar. Mas sua saúde já era debilitada há anos. Em 1964 sofreu uma série de 13 ataques cardíacos e, em 1977, colocou um marca-passo.

Um ator versátil, uma pessoa complexa. Com uma personalidade difícil, casou-se quatro vezes. Tinha comportamentos por vezes exagerados e cruéis. E ninguém, nem mesmo ele, sabia ao certo quem era o verdadeiro Peter Sellers. Isso ficou evidente na famosa entrevista que deu ao jornalista inglês Michael Parkinson em seu talk show Parkinson, em 1974. Concordou em aparecer no programa apenas se pudesse se vestir como um personagem, no caso, um membro da Gestapo. Mas após alguns minutos, deixou de lado a atuação e conversou com Parkinson, revelando muito de si.

Entre outras curiosidades sobre Sellers estão sua relação próxima com a família real britânica, a obsessão por carros e ter sido o primeiro homem a aparecer na capa da revista Playboy, em 1964.

Para sempre Peter Sellers será lembrado pelos cinéfilos. Seja por seus fantásticos personagens ou por suas atuações excepcionais. De qualquer forma, vale a pena ver e rever seus inesquecíveis trabalhos, a maioria disponível em dvd.

Obs.: aos interessados em conhecer mais sobre Peter Sellers, existe o filme A Vida e Morte de Peter Sellers (The Life and Death of Peter Sellers, 2004), estrelado por Geoffrey Rush, que cobre parte da vida do ator e expõe a sua tão comentada mas pouco conhecida vida pessoal. Está disponível em dvd.

Uma homenagem aos filmes da série Pantera Cor-de-Rosa dos anos 70 (em inglês):



Cena hilária do filme Dr. Fantástico, em que aparecem dois dos três personagens que interpretou (em inglês):



Emocionante cena final do filme Muito Além do Jardim (em inglês):



Primeira parte da famosa entrevista de Peter Sellers no talk show Parkinson (em inglês):