Oscar - uma chama do glamour que se mantem viva

O Oscar é considerado por muitos como o principal prêmio do cinema. Apesar de ser essencialmente americano, é mais popular que premiações que se poderia dizer mundiais, como os festivais de Cannes e Berlim.


Se por um lado isso se deve à influência da mídia norte-americana em todo o planeta, ao longo dos mais de 80 anos de existência da premiação, existem outros fatores determinantes.

Realizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Oscar, como é popularmente conhecido, atrai a atenção tanto dos cinéfilos quanto de pessoas que apenas têm os filmes como uma diversão ocasional. O glamour do passado praticamente se perdeu com o tempo, mas o culto às estrelas do cinema, a passagem pelo famoso tapete vermelho, assim como outras pequenas tradições se mantêm e sustentam a premiação.

A verdade é que existem diversas críticas ao Oscar, as quais não são recentes como muitos acreditam. Nesses mais de 80 anos, a Academia cometeu o que os críticos e especialistas em cinema poderiam até chamar de equívocos ou mesmo de negligências. Várias produções e profissionais da área deixaram de ser premiados com a estatueta por razões que vão desde erros técnicos a possíveis questões políticas envolvidas.

Um dos mais famosos exemplos nesse sentido ocorreu com o filme Cidadão Kane. Hoje considerado por muitos como um dos melhores de todos os tempos, recebeu nove indicações ao Oscar, ganhando somente a estatueta de melhor roteiro original. Apesar de fato ter ocorrido há cerca de 70 anos, ainda se discute que isso pode ter ocorrido por medo de retaliação de William Randolph Hearst, magnata da imprensa americana no qual o filme foi inspirado, e não necessariamente pela qualidade, ou falta dela, da produção.

Vale lembrar ainda que alguns atores premiados por sua interpretação chegaram a recusar o Oscar. São memoráveis os casos de George C. Scott, por seu papel em Patton - rebelde ou herói?, e Marlon Brando por O poderoso chefão.

Apesar de todos esses problemas, a premiação da Academia tem seu incontestável valor. Dezenas de vezes, tiveram a capacidade de reunir em uma mesma categoria trabalhos primorosos, gerando escolhas difíceis, tanto para os votantes do prêmio como para o público em geral.

O Brasil já esteve algumas vezes bem perto de ganhar uma estatueta, o que causou furor na imprensa e no público brasileiro. Foram quatro indicações a melhor filme estrangeiro, com O pagador de promessas (1962), O quatrilho (1995), O que é isso, companheiro (1997) e Central do Brasil (1998), sem contar a indicação a melhor filme com a coprodução americana de O beijo da mulher-aranha (1985); melhor atriz com Fernanda Montenegro (1998); as quatro indicações por Cidade de Deus (2003), incluindo melhor diretor para Fernando Meirelles; e agora com o documentário Lixo Extraordinário (2011). Há quem diga que o Brasil de fato ganhou com Orfeu Negro (1959), coprodução com a França, mas cujo prêmio acabou indo apenas para a terra de Napoleão.

De qualquer forma, o Oscar ainda tem o seu brilho. É um dos prêmios mais transmitidos em todo o mundo, senão o principal. Jornais, revistas e telejornais dos mais diferentes países dedicam espaços para comentar a preparação, os favoritos e a própria premiação. A Internet, através de sites e blogs e, nos últimos anos, nas redes sociais, abre espaço para discussões e observações em torno dos indicados.

O Oscar talvez não consiga ser tão democrático ou ter a atenção do passado. Mas é especial por ser uma pequena chama do glamour do período de ouro que há muito se apagou.